domingo, 29 de agosto de 2010

Deco: "O Fluminense é o meu prazer."


Galera Tricolor, segue abaixo a entrevista exclusiva de de Deco ao Lancenet!:

O que motivou sua decisão de voltar para o Brasil?

Eu ainda tinha contrato com o Chelsea por mais um ano. Uma situação que eu nunca vivi. Vivendo somente pelo compromisso que você tem, pelo dinheiro que você tem a ganhar e pela responsabilidade do trabalho. Mas não tinha mais alegria de jogar, acordar, trabalhar, me dedicar. Só que tinha um compromisso que não é simples de terminar. Eu até me sentia mal de continuar no Chelsea da forma como eu estava, sem ambição, sem vontade.

Chegou a estudar outra possibilidade além do Brasil?

Eu tinha dois caminhos. O primeiro, um outro clube, mas na Europa eu não tinha mais nada a fazer. Já não era um desafio para mim. O segundo era voltar para o Brasil. O que acabou acontecendo. Eu sabia que, para recuperar isso, essa coisa nova de voltar a sentir aquilo que eu sentia, era voltar para o Brasil. Ou simplesmente, por muita grana, ir para Dubai, Estados Unidos, e colocar um ponto final na carreira.

E essa decisão foi tão difícil assim?

Esta volta ao Brasil envolvia muitas coisas, questões pessoais. Várias coisas tinham de acontecer. Não só o lado financeiro. Por falar nisso, perdi muito dinheiro ao voltar para o futebol brasileiro. Quero dizer, não acho que perdi, deixei de ganhar. Mas ganhei outras coisas que vão compensar muito mais, principalmente a alegria de jogar. Isso não tem preço.

Hoje, você já pode dizer que encontrou no Fluminense a alegria que procurava?

Para recuperar isso tudo, só aqui mesmo. Não foi para provar nada para ninguém. Nada disso. Simplesmente, eu não estava feliz. Hoje, no Flu, é prazer. E acaba refletindo na alegria, no dia a dia, na família. Hoje, voltei a sentir prazer no que eu faço. Tudo é diferente.

Essa parceria do clube com o Chelsea ajudou na liberação?

Não foi exatamente para ajudar o Fluminense. Até para desenrolar a situação com o Chelsea, eu sugeri fazer um acordo com o Fluminense, uma parceria na tentativa de resolver a situação. Os caras não queriam liberar, principalmente sem pagar nada. E eu falei que, no Brasil, não iriam pagar. E o Chelsea também tem interesse em pegar jogadores do Brasil. Acho que é bom para o Fluminense ter uma referência no exterior. Se não, vai perder jogador para todo o lugar.

E como foi sua estreia. Você esqueceu até de tirar o colete para entrar em campo?

É, eu nem vi que estava de colete. Lógico que eu joguei em vários lugares lotados, em estádios importantes. Mas é diferente viver isso no Brasil. Primeiro, por jogar no Brasil depois de tanto tempo, sem nunca ter jogado pela Seleção (joguei contra a Seleção), e ser respeitado dessa maneira, dá muita satisfação. Por mais experiente que eu seja, aquele momento foi algo diferente.

Depois de 13 anos na Europa, o que você achou da qualidade do elenco tricolor?

Com certeza, o elenco do Fluminense é muito bom. Mas não adianta ter o melhor elenco. O clube precisa ter um grupo bom que dê resultados. Todos falam que o Fluminense tem o melhor elenco. Talvez, porque está em primeiro. Se tivesse de jogar com clubes europeus, não faria feio de jeito nenhum. Pelo contrário. Os times da Europa têm a vantagem de poder contratar, gastar o que for preciso. Aqui não tem isso. Dentro da realidade do Brasil, este é um elenco fantástico.

E em termos de estrutura?

Quando o São Paulo deu o seu primeiro passo para se estruturar, todos os outros acabaram tentando ir atrás. No Rio, isso ainda não aconteceu. Não teve um clube grande que decidiu se organizar, montar um CT. O primeiro que fizer isso vai acabar trazendo os outros. É bom para o futebol. E o Fluminense vai tentar esse passo.

Você também está ajudando o clube neste sentido?

O Muricy já tem essa visão. Não só por ter trabalhado em outros lugares mais organizados, mas porque a visão dele é correta. Quanto mais organização tiver para o futebol brasileiro, mais qualidade terá, mais jogadores serão revelados. O problema é que os clubes pensam no imediato. Não têm um projeto mais a longo prazo. E pelo fato de o Muricy querer isso, insistir nisso, e batalhar, vai acabar acontecendo. E a estrutura não é o que faz o clube ganhar. Faz o clube ganhar mais vezes. Mas não é isso que faz um time ganhar. E sim, um grupo bom, com jogadores de qualidade, um treinador de qualidade. E isso tudo o Fluminense tem. Todos os ingredientes para ganhar.

Então a tendência do futebol brasileiro é melhorar?

Hoje em dia, a base do futebol brasileiro é comandada por empresários. O empresário vem com um moleque que vai assinar o primeiro contrato e já quer fazer negócio com o clube. E os clubes acabam perdendo jogadores muito cedo. De certa forma, é preciso controlar um pouco isso. Os clubes precisam se defender. Gastam uma grana para poder formar o jogador. Com 16, 17 anos, o cara está indo embora. É precoce para o próprio jogador.

Então você gostou da permanência de Neymar no Santos?

Acho que sim. Óbvio, é difícil falar não para Chelsea, Barcelona, (Real) Madrid. O Neymar é um jogador que já tem nome no Brasil, mas é novo. Se não sair esse ano, vai sair ano que vem. E se não sair ano que vem, vai sair no outro. A saída dele é inevitável. Mas é bom ver os clubes no Brasil conseguirem manter seus jogadores. Isso seria o ideal no futebol brasileiro.

Qual foi o melhor e pior momento de sua carreira?

Perder a Eurocopa em Portugal, contra a Grécia, foi doído demais. Doído porque, se jogasse mais dez vezes, ganharíamos nove. O problema foi que, quando Portugal chegou na final, parecia que já tinha vencido antes de jogar. O ambiente, toda a festa, de certa forma, até inconscientemente, fizeram com que os jogadores e até o próprio Felipão não se dessem conta que ainda faltava um jogo. Isso foi uma lição grande. Por outro lado, ganhar com o Porto foi mais legal. Porque é muito mais difícil ganhar com o Porto. É o melhor time de Portugal, tudo bem, mas, na Europa, era Barcelona, Madri, Arsenal, Manchester, Chelsea, Inter de Milão, Milan. Ou seja, tem dez times na frente para ganhar. E ninguém esperava.

Se tivesse de optar novamente entre Brasil e Portugal?

Já fiz essa opção. Na vida não tem como você dizer que faria isso ou faria aquilo. Você fez e as razões naquele momento eram aquelas. E não me arrependo. Pelo contrário. Sempre disse isso. Eu não tomei a decisão de jogar por Portugal por achar que eu não jogaria pela Seleção Brasileira. Foi porque tudo o que eu vivi em Portugal foi bom demais. Não dá nem para ousar dizer qualquer coisa diferente. Foi muito bom, muito bom. Meu sonho era jogar pela Seleção Brasileira. Mas a vida foi desta forma. Não tem como alterar isso. E não tem como ficar remoendo, porque fui feliz para caramba.

Valeu Deco!!! Agora queremos é ver o seu primeiro gol com a camisa Tricolor!

"Vamos Fluzão, Vamos Ganhar!"

Saudações Tricolores,

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